Vícios e hábitos

Hábitos e Vícios. Você os tem?

Os hábitos e vícios que adquirimos ao longo da vida, muitas vezes nos trazem grandes problemas e perturbações.

Acabei de ler o livro O Poder do Hábito de Charles Duhigg, um livro que me foi dado de presente. Mas por que falar sobre isso?

Acredito que possa ajudar as pessoas a resolverem comportamentos dos quais não desejariam ter e que às vezes podem causar certos aborrecimentos.

Eu seria capaz de listar centenas de hábitos ou vícios comuns dos quais poderíamos discorrer neste assunto. Para ficar mais claro, vou citar alguns exemplos de comportamentos, que chamo de comportamentos destrutivos ou limitantes, que comumente encontramos em nós e ou pessoas próximas.

Vejamos os que consigo lembrar: alcoolismo, fumo, drogas, jogos, compulsões por sexo, compras e comer, inveja, falar da vida alheia, baixa autoestima, procrastinação, preguiça, mania de perseguição, hipocondrísmo, agressividade, indiferença, incapacidade, arrogância, ciúmes, enfim.

Caso possua comportamentos assim ou outros não citados e isso não lhe agrada, o primeiro passo para muda-los é reconhecer que os tem. Certamente todos nós temos coisas de que não gostamos em nós e que gostaríamos de mudar.

Bem, a escolha do tema não foi por acaso, apesar de o livro ser relativamente novo, publicado em 2012, o tema já me era bem familiar. Para você poder entender, escrevi um texto há alguns anos, exatamente sobre isso, a diferença é que o autor do livro refere-se a Hábitos e em meu texto eu os chamava de Vícios.

No dicionário, vício refere-se à dependência, hábito refere-se à mania. Parece-me que quando temos uma mania, podemos ficar dependentes dela, de certa forma são quase sinônimos.

O livro como referência

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Quando escrevi meu texto, eu não tinha nada que confirmasse meus pensamentos, somente um pouco de conhecimento científico, adquirido das leituras disponíveis, lógica científica e uma boa porção de filosofia. Sem nenhum fundamento científico sobre o assunto, como eu gosto de falar, achismo.

Já o livro. Charles Duhigg é um repórter investigativo do New York Times, pôde contar com a ajuda de vários cientistas e alguns anos de pesquisa para corroborar suas teses.

E para nossa alegria, minha em particular, descobriu coisas surpreendentes e importantes sobre o poder que os hábitos têm em nossas vidas e confirmou o que eu, intuitivamente, já vinha descoberto.

Quando me refiro a vícios, eu me refiro de forma abrangente, não somente para os vícios comumente conhecidos, reconhecidos e “aceitos” em nossa sociedade, como: drogas, cigarros, bebidas, jogos. Mas, para vícios, chamados de hábitos no livro, como comportamentos indesejados, pensamentos destrutivos, reações automáticas a estímulos diversos.

Para que seja possível mudar esses comportamentos, precisamos entender como eles funcionam em nossa mente. No livro, o autor o define essa sequência de forma perfeita.

Os hábitos são resultados de um processo em três estágios: o estímulo, traduzido no livro como Deixa, a Rotina, que é o hábito ou o vício e a Recompensa, àquilo que buscamos conseguir como resultado do hábito ou do vício. Certamente que possuímos muitos hábitos bons dos quais não desejamos mudar.

A neurociência

neuronios

Em meu texto original, para entender como os vícios funcionam, fiz uma referência patológica, baseada no funcionamento dos neurônios.

Os neurônios são as células responsáveis pela condução dos impulsos nervosos que tentei traduzir da seguinte forma.

Os neurônios formam uma rede em nosso cérebro, ligados uns aos outros. As informações transitam através de estímulos elétricos e químicos por esta rede. Quando aprendemos alguma coisa, um caminho é gravado nestes neurônios e todas as vezes que pensamos ou fazemos alguma coisa que já fizemos antes, o mesmo caminho neural é estimulado.

Desta forma se estabelece a rotina, o hábito, o vício, que é acionado automaticamente, quase sem precisar pensar sobre. Tome como exemplo dirigir, depois que você aprendeu, você dirige sem precisar pensar em acelerar, frear, mudar as marchas, olhar nos espelhos, enfim, é como andar de bicicleta, a gente nunca esquece, está gravado.

Acredito que a partir do momento que passamos a entender como este mecanismo funciona, mudar um hábito se torna possível. Além do entendimento, vou incluir mais dois fatores: Acreditar e Persistir.

Primeiro, acreditar que é possível, não me refiro aqui à fé religiosa, se bem que, quem a possui, pode ser um fator a mais de sucesso, porém, me refiro a acreditar na ciência, àquilo que foi comprovado cientificamente, logo, é possível. E segundo, persistir, insistir e não desistir até que o objetivo seja alcançado.

Na prática

Mas como fazer isso na prática?

Vou usar um fumante como exemplo.

Supomos que em um determinado momento da vida, o primeiro cigarro foi aceso e lá se foi o primeiro trago. Esse gesto ficou gravado na rede de neurônios, assim como os motivos que o levaram a fazê-lo e as sensações posteriores.

Todas as vezes que se acende um cigarro e o fuma, o mesmo caminho é acionado. Dessa forma, este mesmo caminho será acionado todas as vezes que executar o mesmo gesto. Conforme este gesto é realizado ao longo da vida, o caminho utilizado pelos neurônios é acionado e vai se fortalecendo a cada repetição.

O cérebro gravou um caminho único para esta atividade e este caminho é usado toda vez para esta mesma atividade. Se a pessoa fuma há muitos anos, esse caminho neural foi usado em todas as vezes, e por esta razão se estabelece o vício, o hábito. O cérebro está condicionado a executar a mesma atividade repetidamente toda vez que for estimulado, toda vez que houver a Deixa.

Possível solução

Mas como então se livrar desses hábitos e vícios?

Bem, vamos ao desafio. Se você tem um comportamento vicioso há anos, o caminho gravado inicialmente está extremamente energizado, muito ativo e dependendo da complexidade desse comportamento, romper esse ciclo é trabalhoso, mas não impossível.

Como podemos nos livrar desses vícios, desses comportamentos indesejados?

Acredito que da mesma forma como foram criados inicialmente, porém, criando uma rotina que substitua a rotina anterior.

Para isso funcionar é muito importante compreender o funcionamento dos caminhos gravados em nossos neurônios. Essa compreensão nos ajudará a materializar o processo que irá facilitar, e muito, o enfraquecimento e até a sua inutilização do caminho gravado. Portanto, para que este caminho se enfraqueça, temos que deixar de usá-lo.

É sabido que, se deixar de usar qualquer membro do corpo permanentemente, esse membro se atrofiará com o tempo e perderá seu movimento. A ideia é exatamente a mesma ao deixar de executar tal gesto, o objetivo é atrofiar este caminho pela falta de uso.

É fácil? …de forma alguma, principalmente se este gesto foi executado muitas vezes por longos períodos.

O exercício

Qual a minha sugestão já que agora sabemos como isso funciona. O exercício é muito simples, toda vez que for executar tal gesto, tente não fazê-lo! …kkk, mas isso é óbvio? …claro que é, …você achou que seria algum tipo de mágica?

O exercício é óbvio mesmo, mas faz todo o sentido. À medida que evitamos tal rotina, o caminho gravado nos neurônios deixa de ser usado. Se deixa de ser usado, deixa de ser energizado e deixando de receber energia, tende a enfraquecer, assim como o desejo em executá-lo. Logo, você poderá não mais sentir vontade de fazê-lo, apesar de se lembrar dele.

Se você se interessou pelo assunto e acredita que seja possível, então eu recomendo ler o livro “O Poder do Hábito”.

O autor faz uma explanação através da neurociência, aborda o poder do hábito no indivíduo, nas organizações e na sociedade. Cita vários exemplos e passagens das pesquisas realizadas e por fim, traça um caminho. Sugere como o leitor pode usar o entendimento desse processo, Deixa, Rotina e Recompensa, para mudar seus hábitos indesejados e ou criar novos hábitos que possam contribuir para uma melhor qualidade de vida.

Vale a pena ler o livro, certamente dará muita clareza aos seus pensamentos.

Dicas

Por fim, se resolver tentar o exercício, segue alguns pontos de atenção:

  • Acredite nisso cientificamente, isso é possível.
  • A persistência é fundamental.
  • O exercício deve ser constante.
  • Tenha total consciência de que pode não conseguir evitar todas às vezes, mas não se culpe por isso, persista. Quanto mais vezes conseguir evitar tais rotinas, mais rápido vai conseguir mudar o que deseja.
  • Os resultados podem levar tempo, não tenha pressa, não perca o foco.
  • Conforme o tempo for passando, vai perceber que as vontades vão diminuindo, não pare agora.
  • Se depois de conseguir se livrar de tal comportamento, resolver recomeçar. Lembre-se, o mesmo caminho pode ser reativado pelo nosso cérebro. Ou ainda, um novo caminho com a mesma função pode ser criado. Não cometa tal erro depois de tanto trabalho.

Contudo, ao final sempre há um começo!

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Carinhoso abraço.

Prof. Ruberval Machado

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