O Valor das Conquistas
No livro, “O Príncipe” escrito por Nicolau Maquiavel, existe uma infinidade de conteúdos, excepcionalmente, ricos e muito atuais.
Escrito há mais de 500 anos, pode ser facilmente interpretado e relacionado ao nosso atual cenário político, mercadológico e organizacional. Além de ser uma excelente referência no reconhecimento do valor das nossas conquistas.
E de forma simples e didática, farei uma analogia usando um dos trechos mais significantes em referências empresariais ao interpretar e refletir sobre os caminhos escolhidos e os que ainda podemos, iremos e devemos escolher na busca pelo sucesso.
Refiro-me ao trecho: “Os novos domínios conquistados com valor e as próprias armas”, onde farei referências a quatro assuntos que se complementam.
Porém, antes de iniciar, vale um esclarecimento para melhor entender as nuances de Maquiavel.
Onde o autor usa a figura do Príncipe como forma genérica para se referir a líderes, governantes, reis, chefes de estados e ícones religiosos de sua época e anterior. Usarei para me referir aos governantes, em qualquer esfera do poder público e privado, e para gestores e líderes organizacionais em qualquer nível hierárquico.
E também, onde o autor se refere ao Estado como o território, cidade, país e reino. Usarei para me referir às empresas, entidades, órgãos públicos, países, estados e municípios e porque não, o mercado.
As Conquistas
É fato, o homem vive em permanente busca pelo sucesso e reconhecimento. Hoje, na busca por conquistas, muito é falado sobre o valor da auto realização, carreira profissional, posição social, poder, estabilidade, qualidade de vida, enfim. Leia este parágrafo escrito por Maquiavel.
“Que não cause espanto o fato de que, ao falar de novas conquistas, tanto com respeito ao príncipe como com relação ao Estado, tenha lançado mão de tantos exemplos: na verdade, os homens seguem quase sempre caminhos já percorridos por outrem, agindo por imitação. Não lhe sendo possível imitar exatamente os outros, o homem prudente escolherá sempre o caminho trilhado pelos grandes vultos, selecionando os mais destacados, de modo que, mesmo sem atingir sua grandeza, se beneficiará de qualquer modo com alguns dos seus reflexos…”.
Isto posto, em sua trajetória na busca pelas conquistas, o homem procura por referências bem sucedidas, pessoas que sejam exemplos para o que ele deseja ter e ser. E assim, através do conhecimento do perfil comportamental, valores, hábitos, costumes culturais e até religiosos destes exemplos. O homem procura imitá-los com a esperança de que o mesmo padrão de comportamento lhes traga os mesmos benefícios.
De fato, muito dos comportamentos estudados dos grandes vultos são amplamente reconhecidos como hábitos apropriados e saudáveis e que merecem a devida atenção.
Porém, vale dizer que não se pode ignorar todo um cenário de vida. Pois, mesmo para irmãos criados sob o mesmo teto e que, teoricamente, com a mesma igualdade de educação, podem não experimentar os mesmos níveis de sucesso. Razão esta, que as conquistas devem ser fruto do próprio valor e esforço, do aprendizado, da capacidade, da dedicação, da determinação, perseverança e bom planejamento.
Mirar os grandes vultos tem muito valor, mas devem servir, única e exclusivamente, como boas referências motivacionais para as próprias conquistas.
Estratégias
É certo que qualquer que seja o objetivo de uma pessoa ou de uma empresa, uma ou mais estratégias deverão existir. E nem sempre para se chegar ao objetivo, uma linha reta é o caminho. É mais comum ter que primeiro atingir outros pequenos objetivos, metas que deveremos conquistar como degraus até o objetivo maior.
E assim, Maquiavel continuou…
“… Fará como os arqueiros experientes, que, quando desejam acertar uma posição muito distante, conhecendo o alcance da sua seta, alvejam um ponto muito mais elevado, não para atingi-lo, mas para alcançar a posição que pretendem de fato ferir, por meio dessa mira elevada…”.
Desta forma, a criação de estratégias de valor deve ser um exercício em algumas etapas.
Naturalmente que, para se checar às estratégias certas, primeiramente é necessário conhecer sua missão, o que se faz e para quem se faz. Seguido por um rigoroso estudo sobre seus ambientes internos e externos que lhe proporcionará o devido autoconhecimento. Como bem dito no trecho acima, “… conhecendo o alcance da sua seta,...”.
Contudo, ainda antes de definir as estratégias, deve-se saber aonde se quer chegar, definindo o objetivo maior.
Por isso, qualquer que seja a conquista pretendida, ela sempre deverá ser precedida de um ótimo planejamento para que o valor a ser alcançado seja percebido.
É quase certo que os grandes vultos chegaram aos seus objetivos após os terem visualizado através de muito planejamento e estratégias adequadas.
Sorte ou Oportunidade
Muitos acreditam que para conquistar o mercado, o sucesso na carreira ou para atingir objetivos ambiciosos é preciso ter alguma sorte. Veja como Maquiavel interpretou tal questão…
“… Examinando suas vidas e seus feitos, veremos que nada deveram a sorte, a não ser oportunidade – matéria que moldaram de forma própria. Sem essa oportunidade, seus valores não teriam sido aproveitados; sem estes, a oportunidade teria sido vã…”.
Veja que a sorte é um objeto do acaso, objeto sem valor, que não deve, jamais, fazer parte de planejamentos ou estratégias. Parece-me quase ofensivo atribuir o sucesso de alguém ou de uma empresa, à sorte.
Mas afinal, o que é sorte? Talvez ganhar na loteria? Mas, você precisaria criar a oportunidade fazendo uma aposta. Então talvez sorte seja encontrar um bilhete premiado na rua? Mas, se você não tivesse saído de casa, o encontraria?
Em suma, já foi possível perceber que a sorte é plenamente questionável.
Em vista disso, faça um teste, analise alguma situação em que você acreditou ter sido proveniente da sorte, analise os eventos que precederam esta “sorte”. Certamente você irá encontrar muitos fatores que o levaram a ela! Certo?
Ademais, quando estudamos, pesquisamos, lemos, trocamos ideias com outras pessoas. Quando fazemos novos contatos, participamos de eventos, damos nossos “likes”, comentamos, compartilhamos ou inserimos novos posts em nossas redes sociais. Tudo isso tem valor e pode gerar oportunidades.
Por certo que dizer a uma pessoa que ela alcançou o sucesso pela sorte pode não ser uma boa ideia. Você a estará ofendendo e tirando dela, todo o valor do mérito e esforço de suas conquistas.
Em resumo, mexa-se para que possa ser notado, e assim, a oportunidade que está esperando para suas conquistas surgirá.
As Mudanças
As mudanças sempre foram fatores de extremo desconforto, ansiedade e expectativa para às pessoas. Elas podem ser boas, ou talvez, ruins, dependerá mesmo da sua capacidade de se adaptar a elas. E assim, concluiu Maquiavel…
“Aqueles que se tornaram príncipes pelo seu valor, conquistam domínios com dificuldade, mas os mantêm facilmente; a dificuldade se origina em parte nas inovações que são obrigados a introduzir para organizar seu governo com segurança. Vale lembrar que não há nada mais difícil de executar e perigoso de manejar… do que a instituição de uma nova ordem de coisas. Quem toma tal iniciativa suscita a inimizade de todos os que são beneficiados pela ordem antiga, e é defendido tibiamente por todos que seriam beneficiados pela nova ordem…”.
Sobretudo, não há valor maior do que conquistar os objetivos com o nosso próprio esforço, determinação e capacidade. Valores que motivam e elevam a autoestima. A conquista realizada pelo próprio esforço é legítima e reconhecida pelos seus seguidores, tendendo a serem aceitas e respeitadas em todos os seus desdobramentos.
Porém, suas conquistas podem impactar o ambiente ao redor.
A saber, no ambiente mercadológico, gera ameaças à concorrência e provoca competições acirradas, na política e nas organizações, cria desamores, vaidades, demissões e admissões.
Certamente, quem está em uma posição confortável, não vai ver valor nas mudanças, pois, esta “zona de conforto” poderá acabar. No entanto, para quem irá se beneficiar destas mudanças, enxergará o valor de boas e novas oportunidades.
É certo que qualquer que seja a mudança, sempre haverá quem as aprove e quem as desaprove, os que darão apoio e os que jogarão contra.
Por fim
Mas não se engane, mudanças sempre acontecerão! O mundo é dinâmico e está em constantes transformações.
Portanto, trate de se adaptar a elas, pesquise e identifique o valor das oportunidades que surgirão como consequência das mudanças, seja de qual lado estiver.
E lembre-se, se hoje ela lhe parece boa, amanhã poderá lhe parecer uma ameaça.
Contudo, ao final sempre há um começo!
Carinhoso e intenso abraço.
Prof. Ruberval Machado
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